Facebook admite uso de geolocalização mesmo sem permissão de usuário.
No dia 12 de dezembro (2019), em resposta a uma carta enviada pelos senadores americanos Coons e Hawley, que solicitaram informações sobre “como” processa dados de geolocalização dos seus mais de 2,4 bilhões de usuários, o Facebook admitiu que utiliza essas informações para oferecer seus serviços de relacionamento social pela rede e para fins comerciais.
Até então, não havia muito com o que se preocupar, já que é sabido que a principal fonte de receita do Facebook são os “ads” e que o uso gratuito da plataforma é compensado pela oferta de anúncios diretos aos seus usuários. Além do mais, a utilização dessas informações está bem clara em sua política de privacidade (veja print da política de dados do Facebook ao lado).
O ponto que se levanta são as novas formas de coleta de geolocalização. Na resposta enviada, o Facebook descreve as 3 (três) formas como fazem esse procedimento:
- Quando o serviços de localização (GPS) do dispositivo está habilitado;
- Através das atividades dentro da plataforma;
- Pelo endereço IP.
Ao contrário do que se pensa, a localização de um usuário não é só identificada pelo GPS do celular. Essa é apenas a forma mais precisa, que dá ao Facebook (e a outros serviços online) sua localização exata (com erro de poucos metros) naquele momento. As outras formas usam mecanismos mais sofisticados, como endereço IP (de acesso à rede), que é atribuído pela sua operadora de Internet ao seu roteador residencial (ou comercial) ou algoritmos desenvolvidos pelos provedores de serviço, como o Facebook, que associam fotos, tags, referências de amigos, entre outros dados coletados, para deduzir o local aproximado do usuários.
O problema é que, atualmente, não há uma forma definitiva de optar por “não utilizar minha localização” no Facebook. E é aí que os senadores americanos querem que o Congresso atue, com medidas que garantam aos usuários o direito de não serem localizados, independente da forma como as redes sociais usam e manipulam seus dados para conseguirem informações valiosas para seus parceiros comerciais.
Resta-nos observar os próximos passos e o desenrolar no Congresso americano e ficarmos sempre atentos e cautelosos com nossos dados e o que estão fazendo com eles. O que se percebe são manobras das gigantes da tecnologia para aprimorar seus serviços e a qualidade dos dados coletados de seus usuários, desenvolvendo mecanismos e algoritmos cada vez mais engenhosos em suas plataformas para ganharem tempo (e dinheiro), até que os regulamentos estejam afiados e garantam os direitos de liberdade tão aclamados pelas legislações vigentes.
Veja as 4 primeiras páginas da resposta enviada pelo Facebook aos senadores americanos: